A Polícia Civil descobriu o paradeiro de Renan Barbosa Henrique Campos, o ferido que foi socorrido por traficantes da Vila do João, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, na madrugada de segunda-feira. Renan está escondido na Baixa do Sapateiro, também na Maré, e a polícia pede que a família procure a 21ª DP (Bonsucesso) para que ele receba atendimento médico adequado. Na ocasião do crime, os bandidos sequestraram um médico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Maré e o motorista da ambulância para socorrê-lo.
Vídeos obtidos mostram a movimentação dos bandidos na UPA. Eles circulam armados na unidade e passam diversas vezes pelo local onde Renan foi atendido. "Ele não tem mandado de prisão e pode ir para o hospital. Não é dar imunidade, é garantir que ele receba atendimento médico digno e salve sua vida", disse o delegado Wellington Vieira, titular da 21ª DP.
Braço amputado
A Polícia Civil acredita que o atendimento a Renan tenha sido feito em clínica particular. Investigadores já têm o GPS da ambulância em mãos, que aponta o local como a Baixada. "Pelo relato do médico, pelo estado crítico em que ele foi socorrido, necessitando amputar um braço, deve ter sido feito em clínica particular, mas de forma clandestina, ou seja, para a polícia não ter conhecimento", disse Wellington Vieira.
De acordo com informações passadas ao delegado, o trânsito de traficantes é comum na UPA Maré. "Ficam na frente, andando nas ruas. Tanto que 50 deles estavam lá quando a ambulância chegou". A partir do depoimento do médico, que foi liberado três horas depois, ele vai investigar se os profissionais são contratados pelo tráfico de drogas. "Em depoimento, o médico sequestrado contou que dois homens que subiram na ambulância faziam perguntas com termos técnicos, indicando que teriam conhecimentos de Medicina".
O médico sequestrado afirmou que ficou somente dentro da ambulância durante três horas e meia. Após isso, ele foi colocado em um carro preto e levado de volta para a Maré.
Essa não seria a primeira vez que profissionais da saúde teriam sido contratados por traficantes na Maré. Em junho do ano passado, em uma casa onde o traficante Nicolas de Jesus, o Fat Family, estava escondido após ser resgatado do Hospital Souza Aguiar, a polícia encontrou ataduras, soro, gazes e anotações de tratamento médico.
Contradições
O médico sequestrado e o motorista que levou a ambulância do Engenho Novo até a Maré caíram em contradição nos depoimentos. Uma delas é a de que o médico disse a policiais que "dois homens subiram na ambulância, antes da saída da Maré. Os dois faziam perguntas em termos médicos". O médico também disse que não identificou nenhum dos homens, nem o rosto do traficante por fotos. O motorista disse que um dos homens que subiu era o porteiro da UPA.
"Temos que ouvir novamente o médico sequestrado. O depoimento foi superficial", declarou Vieira. Segundo ele, o médico cobria um plantão na Maré, mas integra a unidade da UPA Engenho Novo. "Parece que um médico faltou e ele assumiu o serviço na Maré às 19h". Fonte: O Dia
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